Notícias 24 de Maio de 2019
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Radioterapia - O que você precisa saber

Confira o artigo publicado do nosso Fisio médico Vagner Stenger,  da Radioterapia do HSJ para a Revista Educação Profissional do Instituto Educacional Filadélfia. 


Nosso corpo é essencialmente formado por pequenas unidades funcionais que desempenham papéis indispensáveis ao funcionamento do todo. Tais unidades são chamadas de “células” e dentre suas funções, talvez a mais importante seja a de reprodução. Neste processo, uma célula é capaz de se dividir gerando duas células idênticas a si (mesmo DNA), fazendo com que o organismo cresça, desenvolva e se regenere. Embora seja de extrema complexidade, o processo de reprodução geralmente ocorre de forma controlada oferecendo ao organismo um crescimento ordenado. Porém, um crescimento não ordenado pode ocorrer, ou seja, um processo de reprodução celular fora do controle. Na prática, este tipo de crescimento é denominado de câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA): “Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo”. A especialidade médica responsável pelo tratamento do câncer é conhecida como Oncologia. Nela, o tratamento deste amplo conjunto de doenças é possível graças à aplicação das seguintes modalidades: cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. Sendo amplamente empregada nesta prática, a radioterapia tem por finalidade eliminar as células tumorais e poupar as células sadias vizinhas. Para isso utiliza feixes de radiação ionizante capazes de alterar a estrutura de um material por meio da extração de elétrons de seus átomos. Este processo recebe o nome de ionização e quando o alvo se torna uma célula tumoral, as radiações ionizantes podem causar a ionização do tipo direta, atingindo diretamente o DNA da célula ou a ionização indireta, onde moléculas de água próximas são ionizadas e agridem quimicamente o DNA. Ambas as formas culminam com a interrupção da proliferação das células tumorais simplesmente por impossibilitarem a divisão em células com o DNA original da célula mãe, tendo em vista que este foi danificado na ionização. É um tratamento indolor. Todos os tipos de células, sadias ou não, possuem um processo de recuperação dos danos ao DNA. Uma ineficiência nesta etapa do ciclo celular das células tumorais faz delas alvos mais sensíveis à radiação. Isto favorece o uso da radioterapia na oncologia, porém ainda assim os tecidos normais são afetados e necessitam de um tempo para que possam se reparar dos danos da ionização. Assim, a radioterapia é oferecida ao paciente em um regime fracionado onde a dose de radiação programada para o tratamento é dividida em frações diárias idênticas. Com este tipo de regime os tratamentos radioterápicos podem ter duração de poucos dias ou até 1 ou 2 meses. A radioterapia pode ser utilizada de forma exclusiva ou em associação com as demais técnicas de tratamento oncológico. Seu objetivo pode ser o de curar a doença, diminuir o volume tumoral para prosseguimento do tratamento ou paliativo, quando a intenção é interromper um sangramento, descomprimir um órgão ou reduzir a dor. Cada pessoa reage de forma diferente ao tratamento, portanto, pode ou não haver efeito colateral. São várias as técnicas de radioterapia que permitem uma exposição terapêutica do tecido tumoral com proteção dos tecidos sadios vizinhos a ele. Desde a técnica 2D, 3D conformacional até técnicas mais modernas como a Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT) ou Radioterapia Guiada por Imagem (IGRT). A evolução tecnológica, que permitiu que o conceito de entrega de dose se desenvolvesse, veio a favor do objetivo comum de: minimizar a toxicidade aos tecidos sadios e maximizar a dose entregue ao volume de tratamento. Assim, a partir da técnica 3D conformacional, imagens de tomografia passaram a ser utilizadas permitindo a visualização das estruturas internas do paciente e consequentemente seu delineamento (desenho) para o conhecimento da dose recebida por cada uma. Com esta possibilidade e adição da técnica de IMRT permitiu-se poupar tecidos sadios próximos ao tumor em um nível jamais alcançado antes. E por fim, para garantir ainda mais sucesso ao tratamento radioterápico, foi introduzida a técnica de IGRT que permite a visualização do volume de tratamento em tempo real, oferecendo segurança e precisão ao processo de entrega de dose ao paciente.Com base em dados da estimativa mundial para o índice de câncer, em 2012 chegou-se a um número de 14,1 milhões de novos casos com 8,2 milhões de óbitos, ou seja, 58% das vidas foram perdidas. Para o Brasil, a Estimativa 2018 do INCA mostra um número de 420 mil novos casos por ano, válidos para os anos de 2018 e também 2019.A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que 70% dos pacientes com diagnóstico de câncer receberão tratamento radioterápico. Considerando tais estatísticas e aquilo que foi apresentado até este momento, fica evidente a importância do desenvolvimento tecnológico desta técnica terapêutica e a amplitude de sua prática no tratamento dos pacientes oncológicos.

Referências: Instituto Nacional do Câncer (INCA), disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/oquee. Acesso em: 17 de outubro de 2018.Hospital Israelita Albert Einstein, disponível em:https://www.einstein.br/especialidades/oncologia/exames-tratamentos/radioterapia. Acesso em: 17 de outubro de 2018.A. C. Camargo Câncer Center, disponível em:http://www.accamargo.org.br/pacientes-acompanhantes/radioterapia. Acesso em: 17 de outubro de 2018.Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer Jose Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: INCA, 2017.

VAGNER STENGER - Especialista em Física Médica da Radioterapia e Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais

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